A Bíblia, o Brasil e a Corrupção
Por Gustavo Jordão
Tornou-se rotina no noticiário nacional manchetes de casos de corrupção, não sendo exclusividade dos últimos governos petistas, pois na bacia das almas também temos os escândalos do metrô de São Paulo, o Mensalão Mineiro, ambos de autoria tucana, sem falar nos tantos outros de tantas outras siglas partidárias. Em terras tupiniquins a corrupção é endêmica desde quando os senhores portugueses aqui pisaram, mas, seja por maior investigação ou outro motivo qualquer fato é que nos últimos anos uma enxurrada de informações sobre escândalos de desvio de dinheiro público tem assolado o Brasil.
A História em seu movimento pendular tem-nos mostrado que tendemos a passar por momentos de extremismos, conservadores ou libertinos, e no campo da moral, dos valores e princípios que regem o ser humano, sou levado a perceber que estamos pendendo para a “sodomização“ dos valores morais.
Uma clara e indiscutível reestruturação dos valores morais tem-se instalado e especificadamente no meio cristão, seja católico romano ou protestante, vislumbro uma flexibilização de absolutos, como, por exemplo, do absoluto do Deus vivo, da Bíblia, do Cristo, do santo e do pecado, do Céu e do inferno, do que certo e do errado, do justo e injusto, isso tudo sobre o pretexto daflexibilização que busca falar a linguagem das massas.
Aqueles que se dizem cristãos, seguidores do Cristo, devem ter por referencial as suas palavras e suas ordenanças, que só podem ser conhecidas a partir de uma leitura sincera da Bíblia. Antes que a pedra de acusação de fundamentalismo seja lançada, contraponho que a “leitura e hermenêutica sincera” da Bíblia nada mais são do que um reflexo de um agir coerente. A leitura hermenêutica bíblica sincera coerentee guiada pelo Espírito Santo é instrumento suficiente para blindar qualquer cristão sincero e coerente de qualquer intento corrupto.
O cristão comprometido deve reter os fatos a sua volta através do filtro eficaz e sempre contemporâneo da Bíblia. E no texto bíblico em que Deus entrega os dez mandamentos aos judeus (Êxodo 20:15) a redação é clara e sucinta: “não furtarás”, não há espaço para interpretações além ou aquém do que está escrito, a ordem é clara, não furte! Importante lembrar que os dez mandamentos ainda hoje são plenamente aplicáveis, uma vez que ao cristão (seguidor de Cristo) foi dado o direito de ser feito parte povo de Deus.
A sanha dos corruptos revela o descompasso destes com o evangelho de Cristo, demonstra a preocupação hedonista de sentir todo o prazer neste mundo, gozando de todos os benefícios que as riquezas podem oferecer. Jesus, o Cristo, em seu Sermão do Monte enfaticamente advertiu: “não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração”, Mateus 6:19-21.
Na sequência Jesus reforça que “ninguém pode servir dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas”, Mateus 6:24.
As palavras do Dr. John Stott em seu livro Discípulo Radical revela, a partir de uma orientação bíblica, o que é o viver cristão: “a vida na terra é uma breve peregrinação entre dois momentos de nudez. Assim, seríamos sábios se viajássemos com pouca carga. Nada levaremos conosco.” (p. 16).
A confiança do cristão deve estar em seu Senhor, é Ele quem dá o sustento e o necessário aos seus. A cobiça dos corruptos revela o descompasso que há entre o seu agir e o agir daqueles que genuinamente se esforçam em seguir a Cristo. O cristão genuíno ao olhar para o corrupto mais do que se indignar deve ter misericórdia, pois a Bíblia é enfática em revelar que Deus, ao seu tempo, fará justiça. “Tais são as veredas de todo aquele que se entrega à cobiça; ela tira a vida dos que a possuem” Provérbios 1:19.
Sendo o Brasil uma das maiores nações cristãs do mundo, seria possível subentender que deveríamos ser uma das nações menos corruptas do mundo também. Pois como mencionado o Deus da Bíblia, o Deus dos cristãos adverte severamente contra furtos, contra o caminho enganoso e sobre a adoração ao dinheiro.
A partir do momento que se passa aceitar a ideia de que talvez a Bíblia não seja tão certa e que talvez ela não seja a voz clara de Deus, e assim a aceitar interpretações cada vez mais distantes do seu real sentido, mais próximos se estará da degradação do ser humano e consequentemente mais vulneráveis aos prejudiciais efeitos de sua vontade.
Todo esse quadro, ao contrário do que possa parecer, não serve para desmoralizar ou desqualificar a Bíblia e colocá-la como item decorativo de casas de avós carolas, ou de crentes fundamentalistas, mas ao contrário, vem confirmar o teor de sua mensagem, senão vejamos o que está escrito em 2ª Timóteo 3:1-4: “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons,traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela.”
Creio que o Brasil, um país de maioria nominalmente cristã, passa por um momento severo de corrupçãoporque os ditos cristãos abandonaram as verdades bíblicas em nome de uma fé que busca um Deus subserviente ao homem, negando e tachando de fundamentalista toda e qualquer ordenança bíblica que confronte a sua vontade e lhe aponte o dedo para mostrar os seus erros, e lhe chamar ao arrependimento e ao caminho reto, justo e penoso, porém glorioso dosverdadeiros seguidores de Cristo.
Ó que bom e diferente seria se os “cristãos” que sentados no banco dos réus estão, tivessem dado ouvido à Bíblia. Ó que bom será se os “cristãos” que ainda não estão no banco dos réus passarem a ser sinceros, coerentes e obedientes em seu ministério de seguir a Cristo. Que Brasil diferente poderíamos ter!